Uma das principais características das plantas daninhas é a ampla variabilidade genética, que permite a adaptação e a sobrevivência dessas espécies em diversas condições ambientais. Devido a utilização intensiva de herbicidas nas últimas décadas, algumas populações de plantas daninhas adquiriram resistência a esses produtos.
A resistência de plantas daninhas aos herbicidas é a capacidade natural e herdável de alguns biótipos, dentro de uma determinada população, de sobreviver e se reproduzir após a exposição à dose de um herbicida, que normalmente seria letal a uma população normal (suscetível) da mesma espécie.
Desenvolvimento e tipos de mecanismos de resistência
O aparecimento de biótipos de plantas daninhas resistentes aos herbicidas está condicionado a uma mudança genética na população, imposta pela pressão de seleção, causada pela aplicação repetitiva do herbicida na dose recomendada ou diferentes herbicidas, mas com o mesmo mecanismo de ação.
Considera-se que a resistência pode ser dividida em três mecanismos:
- Alteração do sitio de ação – o local específico é alterado e a molécula do herbicida não consegue estabelecer sua ação fitotóxica;
- Metabolização ou detoxificação – a planta degrada o herbicida antes que esse cause danos irreversíveis à ela. Esse é o mecanismo de resistência apresentado pela maioria das espécies;
- Retenção ou não afinidade do herbicida no local de ação – está relacionada ao impedimento do herbicida em atingir o sítio onde deve atuar, pode ocorrer pela ligação do herbicida a compostos naturais da planta.
A resistência pode ser cruzada ou múltipla. A cruzada ocorre quando o biótipo é resistente a dois ou mais herbicidas devido a um único mecanismo de ação e a múltipla ocorre quando o biótipo é resistente a dois ou mais herbicidas porque apresenta dois ou mais mecanismos distintos de resistência.
Manejo e prevenção da resistência
É necessário alterar constantemente as práticas utilizadas no controle de plantas daninhas, através de um sistema integrado de controle que envolva métodos culturais, físicos, mecânicos e químicos, visando evitar ou retardar o aparecimento de plantas daninhas resistentes. Veja algumas orientações:
- Manejo apropriado de herbicidas – deve-se utilizar herbicidas com pouca atividade residual no solo, otimizar a dose, a época e o número de aplicação, evitando o uso contínuo de herbicidas ou daqueles com o mesmo mecanismo de ação;
- Rotação de culturas – procurar a semeadura de diferentes culturas nas safras que permitam a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação;
- Rotação de herbicidas – o uso de herbicidas com mecanismos de ação diferenciados nas aplicações sucessivas contribui para a redução da probabilidade do surgimento de biótipos resistentes;
- Empregar sementes certificadas – é importante para evitar a disseminação da resistência, principalmente nos casos em que a semente das culturas e das plantas daninhas são de difícil separação;
- Acompanhar as mudanças nas plantas – o conhecimento das espécies existentes na área e suas proporções possibilita ao produtor detectar a ocorrência de seleção de espécies, prevenindo assim a resistência.
Em caso de confirmação da resistência deve-se, inicialmente, erradicar imediatamente as plantas remanescentes ou usar práticas para reduzir o acréscimo de sementes ao solo, evitando a disseminação das plantas resistentes.
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